Já faz quase três anos desde que a pandemia de Covid-19 começou e ainda há pessoas por aí que relatam sequelas da doença, ou até mesmo a presença de algum tipo de sintoma que apresentaram quando infectadas. A condição tem até nome: covid longa, e afeta cerca de 10% a 20% das pessoas, especialmente se houve algum tipo de quadro mais grave.

As principais queixas variam: fadiga, tosse persistente, dificuldade para respirar, perda do olfato ou paladar, dores de cabeça e até mesmo sensação de entupimento do ouvido. A dúvida que fica é: por quanto tempo esses sintomas persistem e isto é “normal”?

Uma doença sistêmica

Primeiro de tudo, é necessário entender que a covid longa é uma doença sistêmica. Apesar do foco do novo coronavírus ser o pulmão, são vários os casos de alterações causadas no sistema neurológico, hepático e outros. Isto porque o vírus provoca uma resposta inflamatória e que se dissemina do pulmão para o resto do corpo.

A resposta do sistema imunológico é imediata, atacando até mesmo os seus próprios tecidos. Uma das consequências disso, por exemplo, é a névoa mental, um termo que se refere a danos feitos pela Covid-19 nos vasos sanguíneos do cérebro. Sabe aquela sensação de confusão mental, ou de não conseguir se lembrar de uma palavra, ou simplesmente de parecer que o cérebro está mais lento? É exatamente por conta disso.

O problema é que, por ser uma doença sistêmica, a lista de órgãos e sistemas atingidos é enorme: coração, fígado, rins, sistema endócrino, sistema gastrointestinal, sistema nervoso, sistema respiratório e sistema vascular.

Quanto tempo essas sequelas duram?

Pesquisas já mostraram que depois de quatro meses, a atividade inflamatória de pacientes que tiveram quadros graves ou moderados de Covid-19 continuava alta. Ou seja, todas as pessoas que participaram mostraram pelo menos um sinal de covid longa, o que significa a presença de pelo menos um sintoma.

Uma outra pesquisa longitudinal publicada pela Fiocruz Minas, em maio de 2022, mostra que os efeitos da Covid-19 podem aparecer até mesmo depois de um ano da primeira infecção. E os sintomas variam: desde os mais comuns, como tosse constante e fadiga, até outros mais complexos, como insônia, ansiedade e até mesmo tontura.

Conforme o tempo passa, mais e mais estudos podem ser feitos e mais casos podem ser analisados. Por exemplo, agora já existem algumas pessoas que relatam sintomas da doença há pelo menos dois anos. Ainda não existem respostas concretas, mas o estudo segue sendo feito e a impressão é de que essas sequelas podem ser consideradas dentro do padrão de casos de infecção mais graves de Covid-19.

Ou seja, não é para ficar preocupado, mas, por enquanto, ainda não existem formas de lidar com essas sequelas, além de tratá-las de forma específica com médicos especializados.


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