Um possível surto de meningite em São Paulo tem sido alvo de notícias recentemente, com relatos aumentando sobre novos casos. As manchetes assustam, especialmente quando as pessoas lembram de uma epidemia da doença que aconteceu na década de 1970, que levou a milhares de mortes na capital.
Agora a notícia de um possível surto na zona leste de São Paulo está chegando até as pessoas. Isto começou com relatos de casos de meningite meningocócica C, que é a mais frequente entre meningites bacterianas. Várias pessoas correram para postos de vacinação, até que as vacinas começaram a faltar em unidades básicas. Entretanto, não há necessidade de pânico.
E aí, foi uma nova epidemia?
De acordo com especialistas da saúde, a bactéria meningococo C tem, por natureza, um caráter endêmico. Isso significa que os casos realmente crescem exponencialmente, com a maioria acometendo crianças e adolescentes — essas faixas etárias já devem ter se vacinado, caso sigam o Calendário Nacional de Vacinação.
Ou seja, casos de meningite bacteriana não são raros. O problema é que eles podem rapidamente evoluir para quadros mais graves, que levam a óbito dentro de algumas horas. Em São Paulo, o “surto” aconteceu na zona leste com cinco casos da doença dentro de dois bairros próximos.
Agentes de saúde identificam como surto quando são constatados três ou mais casos na mesma localidade, dentro de 90 dias. A partir disso, deve ser feita uma vacinação de bloqueio, que amplia a faixa-etária do público-alvo, imunizando mais pessoas e impedindo a propagação da doença. Isso foi feito em SP, com mais de 30 mil moradores vacinados.
Quem deve tomar a vacina?
A vacina contra a meningite meningocócica C é dada pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações) para crianças em três doses: aos 3, 5 e 12 meses de idade. Por conta do surto, o PNI também vai oferecer até 2023 a vacina meningocócica ACWY para adolescentes de 11 a 14 anos.
Em São Paulo, crianças e adolescentes devem seguir com seu regime de vacinação, obedecendo às datas da carteira. E adultos com até 64 anos que moram ou frequentam a região onde o surto aconteceu também devem ser imunizados. Entretanto, não há nenhuma recomendação para que a vacinação seja estendida para todos os adultos da cidade.
Queda da cobertura vacinal é uma das grandes responsáveis
A Sociedade Brasileira de Imunizações tem falado sobre a queda da cobertura vacinal de todas as vacinas que são oferecidas pelo PNI. O Brasil sempre foi referência no mundo em coberturas vacinais, mas as taxas de vacinação têm caído desde 2015.
Os motivos passam principalmente pela desinformação e pelas fake news que são compartilhadas, além do horário limitado de funcionamento das UBS (Unidades Básicas de Saúde) e da falta de divulgação de campanhas. As próprias mentiras propagadas sobre as vacinas contra Covid-19 podem acabar gerando uma sensação de hesitação vacinal, aumentando ainda mais esses tipos de problemas.
O sarampo, por exemplo, uma doença que havia sido erradicada no país, voltou também a causar surtos no Brasil. Além disso, estudos apontam para uma grande possibilidade da volta da poliomielite.
A recomendação mais básica e correta é: mantenha suas vacinas em dia. Elas funcionam, são comprovadamente seguras e servem para manter você e toda a população em segurança.
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